Videojogos a caminho dos Jogos Olímpicos
Os desportos eletrónicos têm estado em franco crescimento. Mas há sempre alguma resistência em chamar desporto ao acto de jogar videojogos. No entanto isso está claramente a mudar.
O Conselho Olímpico da Ásia anunciou que vai incluir os desportos eletrónicos no programa oficial dos Jogos Asiáticos de 2022, a realizar na China. E os Jogos Asiáticos são a segunda maior competição pluridesportiva do mundo, logo a seguir aos Jogos Olímpicos.
A iniciativa nasce de uma parceria com a Alisports, do grupo Alibaba, o maior dos gigantes da internet da Ásia. E não é de estranhar que este movimento surja deste continente. Os videojogos de competição são extremamente populares na China e na Coreia do Sul, onde as competições profissionais já contam com uma longa história (e já viram até algumas das facetas mais sombrias do desporto de alta competição, como doping, corrupção na arbitragem ou viciação de resultados).
Ainda antes dos Jogos de 2022, os desportos eletrónicos farão parte de outras provas organizadas pelo Conselho Olímpico da Ásia, embora apenas como desporto em demonstração. Mas nos Jogos Asiáticos de 2022 serão mesmo um desporto oficial, com atribuição de medalhas.
Ainda não são os Jogos Olímpicos, mas é sem dúvida um grande passo nessa direção e, sobretudo, no reconhecimento dos desportos eletrónicos e dos seus atletas.
Agora só fica uma dúvida: Quais os jogos que vão ser escolhidos?
E com isso surge um potencial problema. É que, ao contrário das modalidades desportivas clássicas, onde ninguém é dono do jogo, os desportos eletrónicos são jogados com base num produto comercial que é propriedade intelectual de alguma empresa.
Escolher um determinado título para a competição oficial em vez de outro pode ser visto como uma preferência por determinada empresa. No mínimo haverá sempre um benefício indireto para as editoras dos jogos selecionados, pelo prestígio e visibilidade que a associação a uma competição deste volume trará. E isso de certeza que se traduzirá de alguma forma em receitas adicionais.
Por agora apenas sabemos que FIFA 17 será um dos jogos selecionados para demonstração numa competição de artes marciais organizada pelo Conselho Olímpico da Ásia, em setembro deste ano. Para além disso apenas foram anunciados os géneros de jogo MOBA (abreviatura de Multiplayer Online Battle Arena) e "Real Time Attack" (que ninguém percebeu muito bem o que é suposto ser).
E porquê o FIFA 17 e não o seu rival PES 2017?
Quase de certeza terão sido os números de vendas o fator decisivo, pois o FIFA terá vendido 15 vezes mais o PES. Não fica grande margem para dúvidas. Mas a bem da transparência, e para evitar polémicas, espero que o processo de seleção dos restantes títulos a incluir nos Jogos de 2022 seja clarificado.