Quando os jogos copiavam os filmes: 30 anos de Metal Gear
Há 30 anos fazia-se história nos videojogos quase sem se dar conta. No Japão era lançado um jogo despretensioso para um computador relativamente desconhecido. Mas foi o começo de algo gigantesco.
O computador era o MSX2, desenvolvido com a ajuda da Microsoft. Mas não é isso que interessa.
O nome do jogo, o seu género e o seu criador, esses sim fizeram história. A 13 de julho de 1987 era lançado Metal Gear.
Metal Gear foi o primeiro jogo concebido por Hideo Kojima e é também considerado o primeiro jogo do género "ação furtiva". A saga Metal Gear viria a tornar-se uma das mais ricas e bem sucedidas da indústria dos videojogos e Hideo Kojima um dos mais respeitados e imaginativos criadores de jogos. Mas tudo começou quase por engano.
Hideo Kojima não era um profissional de sucesso nem particularmente bem visto pelos seus patrões na Konami. Metal Gear era um jogo de tiros que estava a ser desenvolvido por outra equipa, mas pediram a Kojima para continuar o projeto. E o MSX2 não parecia ter a capacidade de processamento necessária para um jogo de ação rápida.
Parecia a receita perfeita para um desastre.
Mas Kojima teve a ideia inspirada de mudar o estilo de jogo: Em vez de ir ao encontro dos combates e da ação o objetivo seria evitar os inimigos, derrotando o adversário usando o cérebro ao invés da força. Um estilo de jogo mais lento e por isso mais à medida das capacidades do hardware do computador a que se destinava.
Metal Gear acabaria por gerar inúmeras sequelas, sendo várias delas dos melhores videojogos alguma vez feitos. A mais recente - Metal Gear Solid V: The Phantom Pain - contou com Kiefer Sutherland como ator principal e a saga já há muito contava com a música do galardoado Harry Gregson-Williams.
E por falar em atores...
Nesses bons velhos tempos dos videojogos, mesmo as editoras mais famosas faziam coisas que hoje parecem impensáveis. Ainda recentemente escrevi sobre as traduções de jogos japoneses para Inglês.
Mas as capas e imagens que ilustravam os jogos também eram produzidas por via de "atalhos". A capa de Metal Gear não era exceção. Ora vejam:
A imagem acima é uma fotografia promocional (fonte) do filme Exterminador Implacável, que catapultou James Cameron e Arnold Schwarzenegger para o estrelato.
A foto não é apenas semelhante à capa do jogo. Quase todos os pormenores da foto de Michael Biehn foram reproduzidos pelos artistas da Konami.
Isto não foi um caso isolado. Há inúmeras situações semelhantes em jogos dessa altura, das mais variadas produtoras e editoras.
A inspiração de Metal Gear pelo cinema não se ficou por aí. Kojima era um fã da 7ª arte e o herói da sequela Metal Gear Solid - Solid Snake - foi assumidamente inspirado pela personagem Snake Plissken, do filme Nova Iorque 1997, interpretada por Kurt Russell.
Mas pelo menos nessa altura já era uma "inspiração" e não um plágio evidente. Em Metal Gear Solid 2, Snake chega a usar como pseudónimo o nome "Iroquois Plissken", assumindo a ligação dentro do próprio jogo.
O futuro da saga Metal Gear é incerto. Apesar da Konami ter anunciado um novo jogo, Hideo Kojima foi "corrido" da empresa e não estará mais envolvido no desenvolvimento dos jogos. E o novo jogo que foi anunciado não parece ter nada a ver com o universo Metal Gear a que estamos (tão bem) habituados.
Pelo menos Hideo Kojima continua a deslumbrar-nos com o seu novo projeto... E os atores de Hollywood já não são inspiração mas sim parte integrante dos projetos, com Mads Mikkelsen, Norman Reedus e Guillermo del Toro a marcarem presença.
E para saberem mais sobre a saga Metal Gear consultem este Especial feito pelo GameOver há 5 anos atrás ou espreitem esta lista de vídeos com os espetaculares trailers da saga.