"Óscares dos videojogos": negócio da China e jogos banidos
Cerimónias e eleições de "jogos do ano" há muitas. Algumas com palmarés notável: a BAFTA - academia britânica das artes cinematográficas e televisivas - atribui prémios anuais aos videojogos desde 1998.
E no entanto a alcunha "Óscares dos videojogos", ou seja, a opinião geral de qual o prémio mais significativo que um videojogo pode receber, tem recaído sobre um evento com apenas 3 anos. Chama-se apenas The Game Awards (algo como "os prémios dos jogos") e é fruto do trabalho de uma única pessoa.
Geoff Keighley foi jornalista na área dos videojogos e também foi produtor e apresentador de um evento semelhante para a estação de TV Spike. Experiência não lhe falta. Mas a qualidade e sobriedade da cerimónia de entrega dos The Game Awards foi o que fez destacar este evento dos restantes: nada tem um aspeto amador; nada tem um tom de palhaçada juvenil porque "jogos são para crianças e adolescentes". Os The Game Awards assumem e atingem claramente o estatuto que se exige àquela que é a maior indústria da área do entretenimento.
Depois ainda dá um passo além. Enquanto os Óscares do cinema são um debitar de prémios com algumas performances à mistura, os The Game Awards conseguem incluir na cerimónia várias revelações de novos títulos.
E também conseguem algumas polémicas.
Escrevi sobre uma delas, que ocorreu no ano passado. O criador da saga Metal Gear - Hideo Kojima - ia receber um dos prémios, mas foi impedido pelo seu empregador - a Konami - de estar presente. Em substituição, o prémio foi recebido por Kiefer Sutherland. Mas em vez de deixar a coisa passar em branco, o apresentador Geoff Keighley fez questão de explicar no momento e em direto o que se tinha passado, expondo a atitude dúbia da Konami. E já fez saber que este ano Hideo Kojima (que já não trabalha para a Konami) estará em palco para receber publicamente o seu prémio do ano anterior.
E este ano já houve uma outra polémica. Uma das categorias de prémios atribuídos é a de "Melhor criação dos Fãs", que inclui jogos criados por fãs, inspirados em jogos conhecidos ou mesmo modificando esses jogos. Havia quatro nomeados, mas dois deles - ambos baseados em jogos Nintendo - foram removidos da lista sem qualquer explicação. Terá sido uma queixa da Nintendo? Ou uma decisão da organização? Pode haver uma razão perfeitamente razoável, mas a falta de esclarecimento serviu para alimentar o "caso".
Negócio da China
Mas essas pequenas polémicas em nada limitam o crescimento meteórico deste evento. A organização dos The Game Awards acaba de anunciar que vai ser transmitido em direto pelo maior portal de internet da China. A sua audiência potencial acaba de ganhar mais 1,5 mil milhões de espetadores.
É essa a audiência combinada das plataformas do gigante chinês Tencent. Os The Game Awards vão ser transmitidos em direto no portal QQ.com e na plataforma de instant messaging WeChat.
A China é um dos maiores mercados mundiais, sobretudo na área da tecnologia de consumo, e os videojogos não são exceção. Isto apesar de ser um mercado fechado e altamente controlado pelas autoridades nacionais: as consolas PlayStation e Xbox só começaram a ser oficialmente vendidas no território no ano passado. Há portanto um potencial tremendo para os The Game Awards continuarem a crescer e merecer a sua alcunha de "Óscares dos videojogos".
E onde podemos assistir a esta cerimónia?
Na internet, em quase todas as plataformas de vídeo em direto. E gratuitamente! Facebook, Twitter, Snapchat, YouTube, Twitch (se calhar não conhecem este, mas é um colosso da internet) e ainda nas consolas PlayStation e Xbox. E em realidade virtual também. Ou basta acederem ao site do evento.
É uma excelente oportunidade para conhecerem o que de melhor se fez na área dos videojogos em 2016. A cerimónia de entrega dos The Game Awards é já no próximo dia 1 de dezembro.