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Vida Extra

Aventuras e desventuras no universo dos videojogos.

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Aventuras e desventuras no universo dos videojogos.

Os Salteadores dos Jogos Perdidos

Indiana Jones! Que personagem. Quem diria que um professor de arqueologia podia ser uma personagem inesquecível de filmes de aventura. Isso aconteceu porque Indiana Jones não se limita a estudar os livros e escavar ruínas antigas. Indy arregaça as mangas e lança-se em perigosas aventuras para recuperar os artefactos mais raros da História, sem medo de se meter em tiroteios e pancadaria. Na verdade, pelas coisas que faz, Indiana Jones é praticamente um criminoso... e ao mesmo tempo um herói.

 

Imagem do filme Os Salteadores da Arca Perdida

 Indiana Jones a roubar um artefacto arqueológico para de seguida o transportar clandestinamente para os Estados Unidos...

 

Algo de semelhante se passa com os historiadores e arqueólogos dos videojogos.

 

À primeira vista, preservar videojogos antigos pode parecer uma tarefa simples. Basta guardar a cassete ou o cartucho do jogo. Ah, e a consola ou máquina que lê e interpreta o código dessa cassete ou cartucho. Só que é preciso que alguém esteja mesmo a dar-se a esse trabalho. E com milhares e milhares de jogos criados desde os primeiros passos desta indústria nos anos 70 essa tarefa é gigantesca.

 

Mas o problema não é só de volume de trabalho. Com a evolução das tecnologias há jogos criados para serem jogados exclusivamente online, ligados aos servidores das empresas que os criaram, ou jogos protegidos contra pirataria por sistemas online, também eles dependentes de se ligarem a um servidor específico para poderem ser jogados.

 

O que acontecerá a esses jogos quando os servidores necessários para o seu funcionamento forem desligados?

 

Não é preciso imaginar a resposta. Essa situação já aconteceu. O serviço Gamespy era um dos mais usados pelos criadores de jogos para incluir funcionalidades de jogo online e de autenticação nos videojogos. Mas o serviço fechou em 2014. Houve o cuidado por parte dos responsáveis do Gamespy de falar antecipadamente com as principais editoras para garantir que podiam lançar atualizações para os jogos, de forma a que se ligassem a serviços alternativos, mas para alguns jogos mais antigos ou menos jogados esse trabalho adicional não era economicamente viável.

 

O que aconteceu com alguns desses jogos que não foram oficialmente "migrados" para outros serviços foi uma aventura do Indiana Jones. Um grupo de utilizadores começou a fazer alterações aos jogos para que pudessem ser jogados em servidores alternativos. Uma ação que faz desses utilizadores simultaneamente criminosos e heróis.

 

Tal como no exemplo do Indiana Jones, estes fãs fizeram coisas ilegais. Alterar o código de um jogo sem permissão, sobretudo para que o jogo se ligue a outros servidores ou contorne mecanismos de autenticação, não é legal. Mas sem essa atuação alguns destes jogos poderiam perder-se.

 

E é este o dilema.

 

A indústria dos videojogos precisa de se proteger da pirataria. Mas também deve proteger o seu legado histórico. Ou pelo menos não perseguir quem se preocupa em protegê-lo.

 

No "caso Gamespy" algumas editoras abraçaram o trabalho feito pela comunidade de fãs e incluíram algumas dessas modificações em atualizações oficiais dos jogos, até porque nesta situação claramente não se tratava de pirataria. Mas estes casos estão longe de ser a regra. Até em situações mais simples, manter jogos antigos disponíveis para jogar pode ser difícil.

 

Foi esse o tema de uma apresentação na Game Developers Conference realizada este mês. Este artigo do site Polygon e este outro do Gamasutra relatam alguns detalhes da apresentação, caso queiram explorar melhor.

 

Frank Cifaldi, criador e historiador de videojogos, defende que o trabalho feito pela comunidade nos emuladores devia ser abraçado pela indústria como forma de preservar jogos antigos e até de os vender novamente a quem quiser comprá-los. A emulação consiste em criar um programa que "imita" uma consola ou computador antigos (ou até modernos), permitindo assim jogar, por exemplo, jogos de uma consola antiga sem ter essa consola. No entanto, a indústria dos videojogos ainda olha para a emulação sobretudo como uma forma de pirataria.

 

Ainda assim, apesar disso, tivemos recentemente a adição de milhares de jogos antigos ao Internet Archive para que possam ser jogados online. Há esperança para o património histórico dos videojogos.

publicado às 18:19

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