Os Óscares dos videojogos estão de volta
Esta semana são entregues os The Game Awards. Uma espécie de "Óscares dos videojogos", sobre a qual já escrevi no ano passado.
Não faz sentido estar a repetir uma descrição do que é esta cerimónia e de como se destaca das restantes. Se não a conhecem basta lerem o meu texto anterior.
Mas então porquê voltar a falar no tema?
A edição deste ano conta com algumas alterações de fundo. E são alterações que espelham bem a forma como a indústria dos videojogos tem evoluído recentemente. Não são apenas alterações desejadas, são alterações necessárias. Uma adaptação à realidade atual dos videojogos, que é cada vez mais diferente do simples lançar de novos títulos para as lojas.
E que alterações são essas?
O próprio criador do evento diz em entrevista à Rolling Stone que tem tentado criar uma cerimónia de Óscares para os videojogos. Mas, por outro lado, os videojogos têm as suas particularidades e o formato de eleger uma lista de melhores títulos de um determinado ano não funciona bem com os videojogos.
O melhor exemplo que se pode dar: Nos videojogos o jogador é uma parte integrante e ativa da experiência. O jogador não se limita a ver e ouvir. É o jogador que faz o jogo "andar". É o jogador que dá sentido ao jogo. E por esse motivo os The Game Awards incluem um prémio para um jogador influente ou que se tenha destacado de alguma forma.
Mas há outras particularidades. E outro bom exemplo a dar.
Um dos jogos mais jogados e mais aclamados deste ano é o Playerunknown's Battlegrounds (geralmente abreviado para PUBG). Será certamente candidato a um prémio. Só que... PUBG ainda não foi oficialmente "lançado".
Como é isto possível?
Simples. PUBG tem estado a ser desenvolvido num modelo "Early Access" (acesso antecipado). O jogo ainda está em desenvolvimento mas os interessados podem pagar para ter acesso antecipado e irem jogando o jogo à medida que vai sendo desenvolvido.
O lançamento oficial de PUBG está previsto para a próxima semana (já depois da cerimónia dos The Game Awards), mas no limite podem existir jogos que nunca chegam a ter um lançamento oficial. E por isso as regras têm de ser adaptadas para poderem incluir jogos que estejam nessa situação.
E o caso oposto também se aplica.
Um jogo pode já ter saído há vários anos e continuar a receber novos conteúdos e/ou novas funcionalidades, ou simplesmente continuar a ser muito relevante para a indústria e para os jogadores. Há muitos exemplos de jogos que continuam a ser atualizados e que continuam a ser jogados por muitos e vendidos em quantidade.
Talvez não tenham noção mas o GTA V, que foi lançado originalmente em 2013, foi uma presença constante no top 10 de vendas um pouco por todo o mundo em 2017. Quatro anos depois do seu lançamento.
E, portanto, os The Game Awards deste ano vão incluir um prémio para "melhor jogo ainda em desenvolvimento" e outro para "melhor jogo em desenvolvimento contínuo".
Uma outra novidade que merece destaque é uma série de prémios para projetos de estudantes.
Há muitos bons jogos a serem desenvolvidos em escolas e universidades. Puxando a brasa à nossa sardinha, ainda recentemente o jogo Obscuria, desenvolvido por alunos da Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria, ganhou o Nordic Game Discover Contest.
E tudo isto é um reflexo das muitas realidades da indústria dos videojogos e das suas particularidades. Sobretudo, é bom ver que os The Game Awards estão a mudar de acordo com a evolução e riqueza da indústria que querem representar, em vez de ficarem colados aos paradigmas de outras cerimónias.
A cerimónia dos The Game Awards decorre na noite de quinta para sexta-feira, à 1:30h da manhã. Podem assistir ao evento online em múltiplas plataformas.