O regresso das más traduções
Há muito tempo atrás, mais precisamente a seguir à crise de 1983, os videojogos eram praticamente um sinónimo de Japão. Era de lá que vinham as consolas e os jogos mais emblemáticos. E com uma cultura e uma língua tão diferentes vinham também os erros de tradução.
É verdade que erros de tradução sempre existiram e sempre existirão. Basta ver televisão durante um bocado para dar com pequenas "pérolas" nas legendas de todo o tipo de programas e filmes.
Um exemplo (recente) que me ficou gravado na memória foi o Han Solo a explicar ao Jabba porque é que tinha deitado fora todo o carregamento de contrabando que transportava: "Até eu me aborreço às vezes." Se a explicação de Han Solo não vos convence, isso é porque o que ele disse na verdade foi "Even I get boarded sometimes." Ou seja, "Até eu sou abordado [pelas autoridades] às vezes."
Mas isso não é nada comparado com o que se fazia em alguns videojogos na altura. Havia traduções para Inglês claramente feitas por pessoas que não tinham o mínimo de domínio sobre o idioma. Algumas chegaram ao estatuto de lenda, tais como "All your base are belong to us" ou "A winner is you".
Era quase uma nova língua, percebida apenas por um reduzido grupo de pessoas. Algo que existia num plano alternativo, entre o calão e o Klingon.
E porquê falar sobre isto agora?
Porque acaba de ser lançado um livro dedicado ao tema. Com o apropriado título "This be book bad translation, video games!" (algo como "Este ser livro má tradução, videojogos!"), esta obra da autoria de Clyde Mandelin e Tony Kuchar não só mostra dezenas de exemplos como explora mais em detalhe tudo o que se esconde por trás deste fenómeno.
E, quem sabe, talvez daqui por umas décadas estejamos a falar sobre as fantásticas traduções automáticas de alguns jogos de telemóvel atuais. E nem estou a falar das descrições nas lojas de apps. Há frases como esta em muitos jogos atuais:
E vocês? Lembram-se de alguma frase mal traduzida de que gostem particularmente? Partilhem nos comentários.