Nintendo Switch: se não os podes vencer, confunde-os
Depois de longa reflexão sobre tudo o que foi anunciado sobre a nova consola da Nintendo, a Switch, acho que posso resumir a minha opinião em duas palavras: Nintendo Vita.
Não, não me enganei. Estou a fazer uma comparação com a portátil da Sony. A Switch corre o risco de ser uma consola morta à chegada, que ainda assim poderá manter-se viva por muito tempo. Tal como a PlayStation Vita, a impressionante consola portátil da Sony que nunca fez sucesso mas que continuou a vender-se e a receber jogos até aos dias de hoje.
Não vou alongar-me muito a descrever a consola porque há um excelente artigo do Tek com isso. Vou apenas focar-me no que me pareceu que a Nintendo fez bem e no que fez menos bem.
Espetacular e espetacularmente cara
Não tenham dúvidas. Em termos de conceito, tecnologia e funcionalidades a Switch é absolutamente fantástica.
Podemos estar a jogar na TV e simplesmente tirar a consola da sua base e começar a jogar como se fosse numa consola portátil (ou num tablet, que o ecrã é tátil) ou apenas pousar a consola noutro sítio para libertar a TV. O comando pode ser separado em dois e cada metade funciona como um comando independente. Há algo de mágico em dividir um comando ao meio e passar uma metade a um amigo para jogar em conjunto. "Sharing is caring!"
E, apesar de minúsculos, os comandos têm não só os acelerómetros para poderem ser usados como os comandos da Wii original mas também têm sensores de infravermelhos capazes de detetar a distância e forma de objetos. Por exemplo: reconhecer a posição da mão num jogo de Pedra, Papel, Tesoura.
As possibilidades são imensas. Desde jogos semelhantes ao Wii Tennis e Wii Boxe, que fizeram o sucesso da Wii original, a jogos que nem precisam que os comandos ou os jogadores estejam voltados para o ecrã, ideais para festas.
Depois ainda há a capacidade de ligar até 8 consolas em rede, sem fios, e jogar em conjunto. Mais uma funcionalidade altamente social e apetecível.
O problema é o preço. A Switch vai custar 300€. E isto é se assumirmos a habitual paridade com o preço oficial em dólares (299,99$), mas algumas lojas online em Portugal estão a pedir 329,99€.
Não é uma exorbitância para uma consola nova. Mas a "caixa" que compramos só traz um comando e para abrir todas aquelas potencialidades descritas acima é preciso investir num comando adicional ou mais. E um comando completo da Switch custa 110€!
É que os comandos, chamados Joy-Con, podem ser comprados em separado (uma metade), com o preço de 50€, ou num conjunto de duas metades, com o preço de 80€. Mas para usar as duas metades em conjunto ainda falta o suporte central, que custa mais 30€. É muita massa só para poder jogar um jogo mais clássico com um amigo ou um duelo de Arms (o tal jogo que faz lembrar o Wii Boxe). A título de comparação, um comando para a PlayStation 4 custa 60€.
Mas esperem! Para jogar online vai ser preciso pagar uma subscrição.
Contas feitas, o preço parece ser o maior inimigo da Switch, pois é bem capaz de afastar os potenciais interessados e o público em geral. Sobretudo se pensarmos que se encontram quase constantemente pacotes com a PlayStation 4 ou a Xbox One abaixo desse preço e com oferta de um jogo.
O jogo da imitação
Outro ponto em que a Switch parece estar simultaneamente muito bem e menos bem é no catálogo de jogos mais "típicos". É que para além de todos os conceitos de jogo inovadores que a consola permite, e que são a imagem de marca da Nintendo, desta vez a Switch parece estar também extremamente bem servida dos tipos de jogos mais "normais" das consolas, como FIFA, NBA 2K17, Skyrim e muitos outros. Só que o número de títulos novos e exclusivos disponíveis na data de lançamento (é já a 3 de março) parece curto.
A Switch consegue o feito de ser em simultâneo inovadora e igual às outras. Não é por acaso que se vê muitos artigos de opinião com os autores sem saber bem o que achar da consola.
Para além dos jogos, nota-se o empenho da Nintendo em ter todo o tipo de funcionalidades online habituais e populares na PlayStation e Xbox. Notem que a Nintendo sempre foi muito cautelosa nas funcionalidades online, preferindo sempre garantir antes de mais a segurança e privacidade.
A Switch vai facilitar a gestão de listas de amigos e permitir falar online com eles durante os jogos, bem como partilhar imagens e vídeos das sessões de jogo.
Isto, claro, para quem pagar a subscrição do serviço online, tal como a PlayStation 4 e a Xbox One fazem. E tal como as duas consolas rivais, a Nintendo vai oferecer mensalmente jogos aos subscritores do serviço. Só que enquanto as outras oferecem jogos (relativamente) recentes e os oferecem para sempre, ou enquanto a subscrição estiver ativa no caso da PlayStation, a Switch vai oferecer apenas um jogo, das antigas consolas NES e SNES, e que pode ser jogado apenas durante um mês.
E assim, mais uma vez, o valor da nova consola da Nintendo sai diminuído. E tudo isto faz lembrar a PlayStation Vita: uma consola cheia de excelentes funcionalidades e valor tecnológico, mas cujo preço em comparação com a concorrência sempre impediu que atingisse o sucesso.
Mas isto das vendas de consolas não é um sprint, é uma maratona. A Switch parece ser uma autêntica maravilha. Não duvido que vá esgotar no seu lançamento. Desconfio que depois disso as vendas irão baixar, mas a Nintendo terá muito tempo até ao próximo Natal e no futuro para ajustar preços e apresentar novos jogos.
Uma coisa é certa. A Nintendo conseguiu novamente apresentar uma consola diferente, única e fantástica, baralhando mais uma vez o mercado. Não há consola como esta.