A Barbie criadora de videojogos
A Barbie vai passar a ter diferentes tipos de corpo. A notícia circulou um pouco por todos os meios de comunicação social durante a semana passada, incluindo os telejornais das 20:00 horas nos canais generalistas. E com razão, pois é um passo importante da Mattel no sentido de contrariar a noção de que existe um aspeto físico ideal e padronizado para a Mulher. A variedade é o sal da vida, e essas coisas...
O que pode ter passado mais despercebido é que, para além das novas características físicas, a Barbie também vai ter novas profissões. E uma dessas profissões é nem mais nem menos que... criadora de videojogos. Aliás, criadora de videojogos é a "carreira do ano" para a Mattel em 2016. Reparem na legenda da imagem:
OK, vai haver uma Barbie criadora de videojogos. É um facto curioso, mas tem assim tanta relevância?
Bom, para além do meu interesse particular por videojogos há um pequeno pormenor que torna esta história relevante. É que esta não é a primeira vez que temos uma "Barbie criadora de videojogos": apareceu uma em 2010 e foi um autêntico desastre.
"Podes ser o que quiseres, desde que não seja muito complicado!"
A primeira Barbie criadora de videojogos apareceu num livro de histórias infantis da Barbie com o título «I Can Be a Computer Engineer» («Posso ser uma Engenheira Informática»). À partida um excelente exemplo, colocando a Barbie numa profissão habitualmente associada aos homens, a história rapidamente descamba para o insultuosamente ridículo. A Barbie está a criar um videojogo, mas quando a sua amiga lhe pede para o experimentar a resposta é: "Eu só fiz os desenhos. Preciso do Steven e do Brian para fazer o jogo."
Mas que raio?!?! A Engenheira Informática só faz desenhos? Como é mulher, quando chega à parte de programar precisa da ajuda dos homens? Isto é suposto ser inspirador?
Quando a história começou a ganhar tração nas redes sociais, em 2014, com inúmeras críticas e muitas piadas a gozar com a Mattel pelo meio, o livro acabou por ser retirado do mercado.
A nova Barbie Game Developer parece ter corrigido o problema, pelo menos até ao momento, e espero que sirva de inspiração a muitas meninas para enveredarem por uma carreira nos videojogos ou na informática. A indústria dos videojogos ainda é muito associada a um trabalho para homens. E nos videojogos, como no resto, variedade é o sal da vida.