Está a chegar um novo filme Star Wars. É um excelente pretexto para revisitar alguns dos piores e dos melhores videojogos baseados nesse universo tão rico e adorado.
Ao todo são mais de 80 jogos lançados até à data, sem contar com jogos web, máquinas de flippers e projetos cancelados a meio. A saga Star Wars tem tanto de histórico e marcante nos videojogos quanto no cinema.
Sim, porque os jogos baseados na "galáxia muito longínqua" não foram as típicas adaptações feitas à pressa para ganhar algum dinheiro extra. Na sua grande maioria foram excelentes jogos ao nível do que de melhor se fazia na indústria a cada momento. A isso certamente ajudou o facto de George Lucas ter a sua própria produtora de videojogos - a Lucasarts -, mesmo que alguns dos títulos tenham sido desenvolvidos por outros estúdios.
Mas, tal como com os filmes, nem todos os jogos foram bons. Fiquem com uma pequena lista do que de pior e de melhor a Saga Star Wars trouxe ao universo dos videojogos. Não joguei todos e a lista não segue uma ordem ou metodologia "científica": vejam-na como uma pequena introdução ao lado negro e ao lado brilhante da Força videojogável.
Os piores: Que a Farsa esteja convosco
É uma lista curta, até porque a maioria dos jogos baseados em Star Wars foram bons. Estes foram exceções.
- Star Wars: Masters of Teräs Käsi
Lançado em 1997 para a PlayStation, este jogo de luta colocava dois jogadores frente a frente em lutas corpo a corpo (e com o ocasional sabre laser). Foi um mero clone de Street Fighter, com movimentos demasiado lentos e cenários sem pingo de inspiração. Este é o jogo Star Wars que todos amam odiar.
- Star Wars Episode One: The Phantom Menace
Lançado em 1999 para PC e PlayStation, este é dos poucos jogos Star Wars que comete o habitual pecado de tentar explorar diretamente o filme homónimo. E tal como o filme, o jogo acabou por ser uma deceção para os fãs. Para sermos justos, até há jogos Star Wars piores, mas este ofende por tentar simplesmente ir às cavalitas do filme.
- Star Wars: The Clone Wars: Republic Heroes
Lançado em 2009 para PC e praticamente todas as consolas da altura, Republic Heroes era baseado na série de TV "The Clone Wars". O seu maior pecado foi fazer de forma medíocre o que os jogos da saga LEGO: Star Wars já andavam há anos a fazer de forma brilhante. Ainda por cima tinha uma qualidade visual francamente má.
Os melhores: A Força é poderosa nestes
Há os bons jogos baseados em Star Wars e depois há aqueles que foram bem mais além do que se julgava possível. Todos estes foram experiências incríveis.
Em 1983 os salões de jogos eram os templos dos videojogos. As máquinas de arcada eram autênticos supercomputadores, capazes de correr jogos muito além das capacidades de qualquer PC ou consola da altura. E a máquina dedicada a Star Wars, criada pela Atari, permitia agarrar nos comandos de um X-Wing e bombardear a Estrela da Morte. Os gráficos eram simples linhas coloridas, mas a sua tridimensionalidade, ajudada pelo efeito de curvatura que o vidro do ecrã causava, davam uma sensação de imersão única para a altura e que era complementada na perfeição pelas vozes e efeitos sonoros do filme.
- Star Wars Jedi Knight: Dark Forces II
Lançado em 1997 para PC, este podia ter sido apenas mais um "first person shooter" num mercado inundado de clones do popular Doom. Só que Dark Forces II conseguiu embeber-se na perfeição do espírito Star Wars. Não eram apenas os cenários e sons habituais da saga aplicados a um jogo de tiros. Os níveis incluíam as estruturas gigantescas e vastidão de cenários, habituais nos filmes da saga mas raramente possíveis de implementar num videojogo da altura. E podíamos manusear um sabre laser e controlar a Força: o momento em que percebemos que, em vez de disparar contra um Stormtrooper, podemos usar a Força para lhe arrancar a arma das mãos é inesquecível.
- Star Wars: X-Wing vs. TIE Fighter
Também em 1997 e também para PC, saiu o terceiro título da série X-Wing, que se focava nos combates espaciais. Qualquer dos títulos desta saga foi excelente, mas este merece uma menção especial por ser o primeiro a focar-se no modo multijogador. Em vez de combater inimigos controlados pelo computador, X-Wing vs. TIE Fighter colocava piloto contra piloto pela internet ou em rede local. Se hoje em dia os jogos online são corriqueiros, na altura era um autêntico desafio tecnológico, que os criadores do jogo ultrapassaram com mestria.
- Star Wars: X-Wing Alliance
A sequela de X-Wing Vs. TIE Fighter foi lançada em 1999 e elevou grandemente a fasquia. Foi talvez o primeiro jogo em que as icónicas naves pareciam saídas diretamente dos filmes, tal era a qualidade gráfica. Mas era também a escala: as batalhas espaciais chegavam a envolver dezenas e dezenas de naves em simultâneo. E não eram apenas os pequenos caças: era possível sobrevoar e atacar os gigantescos Super Star Destroyers e aterrar nos hangares das naves-mãe. Mesmo os combates tinham uma componente estratégica, sendo necessário decidir a que sistemas alocar a energia da nave: armas, escudos ou motores? E tudo isto quer em modo solo quer em modo multijogador.
- Star Wars Episode I: Racer
O único momento realmente bom do Episódio I no cinema foi também o melhor jogo baseado nesse filme: Racer, lançado em 1999 para PC, Mac, Nintendo 64 e GameBoy Color, recriava a excelente cena da corrida de Pods e levava-nos a percorrer a galáxia, competindo em várias pistas em outros tantos planetas. Ação frenética, muita velocidade e um controlo perfeito dos Pods tornaram este jogo um dos mais memoráveis de entre os muitos títulos baseados na saga.
- Rogue Squadron II: Rogue Leader
Lançado em 2001 em exclusivo para a Nintendo GameCube, Roque Squadron era facilmente o melhor jogo Star Wars para consolas de sempre. Os gráficos e áudio atingiam novos níveis de qualidade e as missões recriavam momentos icónicos da trilogia de filmes original, incluindo deitar abaixo um AT-AT Walker enrolando-lhe um cabo à volta das pernas.
Em 2003 os jogos online começavam a explorar novas fronteiras. Eram os MMOs - Massive Multiplayer Games -, caracterizados por juntarem literalmente milhares de jogadores em simultâneo num gigantesco universo de jogo em que a ação está a decorrer em permanência. Galaxies permitia aos jogadores encarnar à escolha papeis muito diferentes no universo Star Wars e enfrentar outros jogadores. Várias expansões adicionaram ainda mais funcionalidades e melhorias, mas a última delas acabou por alterar demasiado o jogo causando o abandono de muitos dos seus fãs leais. Ainda assim, os servidores de Star Wars Galaxies mantiveram-se em funcionamento até final de 2011.
- Star Wars: Knights of the Old Republic
Também em 2003 era lançado outro colosso para PC e Xbox. Knights of The Old Republic era um Role Playing Game (RPG) com uma história épica que decorria milhares de anos antes dos acontecimentos dos filmes. Enquanto que nos típicos RPGs da época os combates eram realizados por turnos, simulando o encadeamento de ações e rolar de dados das versões de papel e caneta, Knights of the Old Republic conseguia dar a ilusão de ação contínua aos duelos entre personagens. Os criadores do jogo - a Bioware - continuam até hoje a lançar jogos de altíssima qualidade. Este foi mais um deles.
- Lego Star Wars: The Video Game
Em 2005 foi lançado para PC e consolas um jogo Star Wars diferente. Um jogo onde tudo era feito de Lego. Podia parecer um jogo básico, infantil e pouco interessante, feito apenas para vender caixas de Lego, mas na verdade era uma autêntica pérola, capaz de agradar a miúdos e graúdos. Gerou quatro sequelas baseadas em Star Wars e mais de uma dezena de títulos semelhantes, baseados em outros franchises famosos.
Em 2014 a história repete-se. Os salões de jogos são cada vez mais raros, devido ao preço baixo e grande poderio das consolas atuais. Mas eis que é lançada uma nova máquina de arcadas baseada nos filmes Star Wars. Tal como na máquina original, imersão é a palavra-chave: o ecrã é semiesférico, colocando o jogador (quase) no centro da ação, e a cadeira move-se consoante o que acontece no jogo. Até tem uma ventoinha para simular o vento. Esta Battle Pod também está disponível para compra para o consumidor final pela módica quantia de 100.000 dólares. Ou 35.000, se optarem pela versão económica de ecrã plano.
E o futuro?
O futuro parece risonho. Há um novo jogo de ação em desenvolvimento, do qual quase nada se sabe, mas os poucos segundos de vídeo que já foram mostrados fazem antever o melhor. E há várias experiências com a realidade virtual que prometem um nível de imersão nunca antes visto.
De certeza que teremos de rever a lista dos melhores num futuro não muito distante.
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