Amazon lança-se no desenvolvimento de videojogos
Para a maioria das pessoas a Amazon é uma loja online. Os mais atentos dirão que é a maior loja online. Mas o que nem toda a gente sabe é que a Amazon é muito mais que isso.
A Amazon é uma gigante da internet e tem vários negócios tão grandes ou maiores que a venda de produtos online. Um exemplo são os Amazon Web Services, uma infraestrutura de servidores e ligações onde assentam grande parte dos sites e serviços online de toda a internet. Ou seja, por baixo da "loja" existe todo um complexo subterrâneo de dimensões colossais.
E neste conjunto os videojogos nem são novidade. A Amazon comprou em 2014 o maior serviço de transmissão em direto de vídeos de jogos - o Twitch - por quase 1.000 milhões de dólares. Em fevereiro deste ano anunciou o lançamento do seu próprio motor de criação de videojogos - o Lumberyard -, um conjunto de ferramentas de programação focado nos videojogos, semelhante às que a maioria dos criadores já usavam, como o Unity ou o Unreal Engine.
Ontem a Amazon deu mais um passo na indústria dos videojogos ao anunciar que está a produzir três videojogos originais para PC. O anúncio foi feito (lá está) num evento transmitido em direto no Twitch.
Os detalhes sobre os três titulos anunciados ainda são escassos, mas parecem ser todos jogos online focados na vertente competitiva. Ou seja, criados para os desportos eletrónicos.
Isto não será coincidência. Os e-sports têm estado a crescer vertiginosamente nos últimos anos, com os prémios das finais internacionais dos títulos mais populares a ascender aos vários milhões de dólares. Mas mais do que os valores atingidos pelos prémios, nos últimos meses temos assistido a um investimento claro nos desportos eletrónicos por parte de entidades ligadas aos desportos "clássicos". A ESPN está a transmitir na sua programação competições de videojogos juntamente com as transmissões de outros desportos. Grandes clubes de futebol como o Manchester City, West Ham United, Schalke 04, Valencia, Besiktas e o nosso Sporting adquiriram ou fundaram equipas de desportos eletrónicos.
E caso a lista (não exaustiva) acima ainda assim vos pareça um conjunto de exceções, já esta semana a equipa de e-sports Team Liquid foi adquirida por um consórcio de investidores composto por executivos de diversos clubes e entidades desportivas americanas, envolvendo a NHL, NBA, MLB e MLS.
Os desportos eletrónicos estão a atingir um novo estatuto e os grandes players internacionais da área do desporto estão a posicionar-se. A Amazon, por seu lado, está a produzir os seus jogos com a vontade de controlar a "modalidade" (neste caso o jogo) e simultaneamente o meio de transmissão e o contacto com a audiência, pois os jogos estão a ser criados de raiz a pensar na integração com o Twitch.
Só falta uma coisa...
Ainda não se sabem muitos detalhes sobre os três títulos anunciados. Mas a grande incógnita é, sobretudo, se conseguirão gerar interesse suficiente das equipas de e-sports para se tornarem relevantes. Afinal, jogos competitivos há muitos mas apenas alguns se tornam realmente populares, ao ponto de sustentarem competições internacionais milionárias e audiências a condizer. Talvez por isso mesmo a Amazon esteja a produzir três jogos em vez de apenas um: a probabilidade de sucesso fica assim triplicada.
Dos três jogos - Breakaway, New World e Crucible - o Breakaway foi o que me chamou mais a atenção. Se calhar foi apenas porque dos outros não se viu quase nada, mas deste houve demonstração ao vivo de uma partida.
Breakaway é uma espécie de jogo de futebol americano mas com armas à mistura. E parece bastante competitivo, com constantes avanços e recuos no terreno, com o "golo" a exigir esforço, coordenação e insistência. Podem ver isso mesmo no vídeo abaixo.
Mesmo não sendo um ciber-atleta, fiquei interessado!