Jogar com a arte
Há uma discussão recorrente sobre se os videojogos são ou não "arte". Curiosamente, há criadores de videojogos de renome que acham que não, não são. Mas numa outra perspetiva, há vários casos de arte que foi transformada em videojogo, e com resultados fantásticos.
Falo nisto porque a Sony Computer Entertainment Espanha apresentou esta semana o videojogo espanhol Nubla, cujos cenários se baseiam em alguns dos quadros da coleção permanente do Museu Thyssen-Bornemisza, em Madrid. Espreitem o trailer:
Não é difícil perceber o apelo que este tipo de projetos tem para as instituições culturais: é uma forma fantástica de levar a arte a um público mais vasto, permitindo uma interatividade inigualável em outros meios, que promove um envolvimento muito maior e mais duradouro, e que no fundo faz crescer inevitavelmente o interesse pela arte.
E este não é o primeiro caso em que a arte se tornou "jogável". Dois exemplos excelentes (na minha opinião) são:
1. Este trabalho experimental de Ali Eslami, que transforma as pinturas de Magritte num mundo tridimensional que o "jogador" pode explorar livremente.
2. As perspetivas imposíveis de Escher como base para um jogo de quebra-cabeças, com o título echochrome.
Mas afinal os videojogos são ou não arte?
Bom, a discussão de certeza que se vai manter. Mas parece-me claro que não é por as Páginas Amarelas serem um livro que se tornam automaticamente uma obra de literatura. Para algo ser arte não basta obedecer a um formato, é preciso merecer o título. Ou dito de forma mais popular: "o que interessa não é o formato, é o que fazes com ele".
Os videojogos podem perfeitamente ser obras de arte se de facto exprimirem o sentimento dos seus criadores ou inspirarem a emoção de quem os joga. E disso, muitos videojogos já deram provas.